O Vale do Varosa
Há muito tida como um forte ponto de atração turística, a presença de Cister no Vale do Varosa começa no século XII quando o então ainda conde Afonso Henriques concede em 1140 carta de couto à primeira comunidade cisterciense da região. Nascia assim o Mosteiro de São João de Tarouca, ao qual se juntou em 1156 o vizinho Mosteiro de Santa Maria de Salzedas.
Começava aqui a desenhar-se o futuro do Douro, com os cistercienses a colocarem todo o seu saber e conhecimento em prol do desenvolvimento vinícola da região, modificando a paisagem e contribuindo para a excelência que hoje lhe é reconhecida pela UNESCO.
De características ímpares, a região do Varosa, parcialmente integrada na região do Douro Património da Humanidade, integra no seu território marcas da presença da Ordem de Cister, mas também as marcas da presença romana e da arquitetura moçárabe, na Capela de São Pedro de Balsemão, e as incontornáveis pinturas quinhentistas atribuídas aos denominados “Mestres de Ferreirim”, no Convento de Santo António de Ferreirim.
É esta herança que o projeto Vale do Varosa não quer deixar apagar. Marcas que sobreviveram, no caso dos mosteiros e conventos, à extinção da Ordens Religiosas em 1834, marcas que são agora devolvidas à fruição pública, através do desenvolvimento sustentável de um turismo cultural de qualidade, materializado numa experiência de visita única.
O projeto
Desenvolvido pela Direção Regional de Cultura do Norte e centrado no vale do rio Varosa, subsidiário ao vale do rio Douro, o projeto Vale do Varosa assenta na criação de uma rede de monumentos abertos de forma integrada à fruição pública, tendo como núcleo principal, numa primeira fase, os mosteiros cistercienses de São João de Tarouca e de Santa Maria de Salzedas e o Convento franciscano de Santo António de Ferreirim.
Desenvolvido sob a égide da Direção Regional de Cultura do Norte desde 2009, o objetivo visou instalar na região, nas áreas inicialmente pertencentes aos concelhos de Tarouca e Lamego, uma rede de estruturas e soluções segundo o conceito de «Território Histórico», numa estratégia integrada a nível regional, beneficiando de uma elevada concentração de imóveis e elementos históricos de elevado interesse turístico-cultural, permitindo o desenvolvimento de conjunto em articulação com o Douro Património da Humanidade.
Este conjunto de imóveis, constituindo há muito e de forma espontânea o que se pode designar de rede informal de monumentos da região do Varosa e aos quais se associa diretamente em termos regionais o conjunto monumental da cidade de Lamego e seu Museu, constitui um dos mais recorrentes percursos de visita da Região Duriense interior.
Neste sentido, as principais linhas estratégicas do projeto Vale do Varosa são a recuperação de edificado, a musealização do património móvel e imóvel, a instalação de centros de acolhimento e interpretação, a criação de uma imagem personalizada, a abertura ao público com funcionamento em rede e o desenvolvimento de ações de divulgação conjunta.
Esta formalização e atuação em rede pretende afirmar a região como destino cultural de referência, ao fazer emergir no contexto duriense um conjunto de monumentos classificados que, no caso dos mosteiros cistercienses, foram mesmo uma peça fundamental na excelência reconhecida à região desde 2001 como Património da Humanidade.
O Projeto Vale do Varosa é por isso um projeto que deixa de olhar para o monumento, para passar a olhar para a região, como um território histórico, detentor de um património único, que é necessário afirmar e divulgar no contexto do Douro Património da Humanidade.
Já em abril de 2014 outros monumentos se juntaram ao projeto Vale do Varosa. A Ponte Fortificada de Ucanha e a Capela de São Pedro de Balsemão passaram então a integrar um projeto que desde o seu início teve como objetivo o alargamento da rede, potencializando a valorização do conjunto.